26/10/2011





Relações afetivas e financeiras 


As relações conjugais são totalmente afetadas pela maneira com que os cônjuges lidam com o dinheiro. “Ainda que cada vez mais as mulheres se insiram no mercado de trabalho, dependendo da geração ainda sofremos com a ideia traiçoeira de que podemos trabalhar, mas o sustento virá do marido”, explica a psicóloga Valéria Meirelles. Ela ainda revela um dado curioso: “Já entrevistei casais de carreiras respectivamente bem-sucedidas. No entanto, muitas mulheres, algumas ocupando cargos de executivas, diziam que não sabiam ler o extrato bancário e delegavam isso ao marido. Mais que isso, muitas até pediam que os companheiros administrassem suas economias”.
A psicóloga aponta outro tabu ainda vigente na sociedade brasileira: “Nos casamentos, percebo que os casais acham que falar de dinheiro estraga a relação. Sempre alguém acha que vai acabar pagando mais ou menos”. Outra constatação da psicoterapeuta diz respeito a outro preconceito: “A ação de investir é muito recente na história da mulher. Para se ter uma ideia, apenas em 2002 a Bovespa abriu cursos para mulheres. Existe uma crença de que mulher não lida bem com números”. As diferenças entre os sexos no trato com o dinheiro foram objeto de estudo de inúmeras pesquisas comportamentais, como a promovida pelo psicólogo David Buss, da Universidade de Harvard, que gerou polêmica ao ser publicada. Os estudos mostravam que, no geral, as mulheres dão mais valor a parceiros com capacidade de prover recursos e com ambição do que aos desprendidos. Isso estaria ligado ao processo evolutivo; a fêmea cuidava da prole enquanto o macho era responsável por prover o alimento da família. Outra pesquisa curiosa, e que gerou controvérsia, foi divulgada recentemente na revista Evolution and Human Behaviour. O estudo, promovido pelo psicólogo Thomas Pollet, dá conta de que a capacidade de gerar orgasmos na parceira aumenta de acordo com a posição social do homem. Segundo Pollet, instintivamente, as mulheres buscariam selecionar e se entregar mais aos homens que potencialmente ofereceriam a elas sustentação econômica a uma possível estrutura familiar.
Já em 2009, a Nielsen, uma das maiores empresas de pesquisas do mundo, divulgou dados colhidos durante o auge da crise financeira que assolou o planeta um ano antes. Foram entrevistadas cerca de 30 mil pessoas em 51 países. Enquanto que para os homens os principais aspectos que podem garantir a felicidade são a boa situação financeira e a saúde mental, as mulheres apontaram uma relação afetiva estável como fator preponderante. “Isto explica o porquê de as mulheres gastarem mais com as relações afetivas do que os homens”, analisa a psicóloga Valéria Meirelles.

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